- só os loucos sabem

Sentia as tuas mãos que me aconchegavam o rosto numa tão delicada ternura, enquanto os teus lábios envolviam os meus num suave e profundo beijo, dançando como delicados penas ao som do amanhecer lá fora. Desejei que o tempo congelasse e que pudéssemos permanecer ali eternamente, que pudesses continuar a segurar-me com todo aquele prazer, que pudesses continuar a evaporar toda aquele doçura que me ia comovendo de encanto fazendo os meus olhos chorar de felicidade sem que conseguisses ver. Senti a tua mão escorregar pelo meu corpo, contornando as minhas costas, procurando o fundo da minha camisola. Tímido e trémulo toque que me ia arrepiando com fascínio, enchendo o meu coração de vontade e fazendo os meus pensamentos flutuar. O teu calor envolvia-me como um manto de algodão, protegendo-me de tormentos sobre o futuro que poderiam rasgar a beleza daquele momento. Todo o teu corpo tão próximo do meu, numa curta distância que nunca era o suficiente. Encostados à porta, os teus lábios pararam sobre os meus, o teu suspiro profundo caiu sobre mim, calando o álcool que fazia a minha cabeça girar inevitavelmente, e ali permaneceste durante segundos, provocando estragos nos meus sentimentos. Abri os olhos e ali fiquei a observar-te enquanto te afastavas de mim num pequeno movimento, e o teu olhar brilhava reflectindo a minha felicidade. Os meus lábios sorriam e as minhas mãos envolviam o teu rosto, acariciando a tua fina barba. Despedi-me num beijo como quem pede para ficar, mas aquele vício não me abandonou e, de algum modo, não consegui parar.