- só os loucos sabem

Estava perdida no meio de toda aquela gente que berrava gargalhadas e que falava forte como trovões no meio daquela escura noite. Os meus olhos não me permitiam fixar o que me rodeava, a realidade fugia dos meu olhar com uma rapidez ousada que me incomodava. Toda aquela bebida já estava a fazer efeito, pesava-me nos meus movimentos e conseguia sentir-me a fugir da decência. Imaginava já o desfecho a que este álcool me levaria, mas ainda assim, estava pendurada em mim uma tranquilidade despreocupada. Estava de olhos fechados para estas personagens que certamente iriam contar a minha vida a meio mundo. Tinha plena consciência das consequências, do aparecimento deste sentimento de culpa que agora transporto, desta preocupação que me esgatanha os pensamentos a todo o minuto, das pancadas que insistem em me lembrar que tudo isto não está certo. Mas naquela altura, a razão era calada e apenas entoava em mim a vontade do meu coração. Juntou-se o álcool ao meu instinto impulsivo, e acabei nos teus braços, beijando a tua boca e viciando-me no teu carinho, esquecendo os demais e aproveitando apenas aquele momento, que para já, era perfeito.