- só os loucos sabem

Deixa o teu corpo escorregar debaixo dos lençóis, nesta escuridão de ternura que impede que a claridade aflore a nossa timidez. Junta-te a mim com a delicadeza de uma pena e aconchega-me no teu carinho. Sufoca-me com o ardente desejo do teu corpo, acaricia suavemente a minha pele com o leve toque dos teus dedos, desenha minuciosamente a minha imperfeita silhueta sem constrangimento até que consigas imaginar mentalmente cada traço e detalhe do meu ser. Penetra nesta magia e deixa fluir esta doce noite sem o desassossego das nossas perturbadas almas. Perde-te comigo no tempo, ensurdece-te perante as badaladas contínuas dos relógios e não dês importância ao futuro. Sinto a tua frágil respiração bater na minha nuca descoberta, fazendo aquele manhoso arrepio transparecer em mim repetidamente. Sinto o teu braço contrair sobre o meu ventre nu, puxando-me delicadamente na tua direcção, enquanto os teus olhos permanecem fechados e os traços do teu rosto reflectem a malícia de um tímido rapaz que ainda pouco conheço e que tantos segredos esconde, mas que me faz sorrir de desejo e voar no calor desta noite esquecida no tempo.