- só os loucos sabem

Meu amor, pressenti a tua presença no portão, corri para a janela, e lá estavas tu. Elegante e charmoso como um príncipe, olhavas para a minha figura encantada e sem reacção. Desvendei o teu sorriso e dei conta da grandeza do amor que tinhas para me oferecer, li os teus brilhantes olhos e percebi que eu era efectivamente importante na tua vida. Tudo estava tão claro como a água: éramos dois simples jovens apaixonados, separados por um jardim, que se admiravam sem nada dizer, calados pelo silêncio da cumplicidade, vendo a sua sorte e sentido no peito a turbulência de quem ama. Ele dava a sua vida por mim, acreditava nas suas palavras de olhos fechados, e não porque ele era convincente, mas porque era a realidade palpável que todos conseguiam ver. Ofegante à janela, senti-me viva, grande, valiosa, desejada. Finalmente, eu fazia diferença na vida de alguém e tinha plena consciência disso. Belisquei-me com medo que tudo não passasse de um maravilhoso sonho, que afinal eu não passasse de um mero ser rastejante e insignificante vivendo na escura solidão de quem não ama, de quem não sente a felicidade cintilante de uma paixão, e quando voltei a olhar, apenas as folhas a rolar ao sabor do vento e o vazio se mostravam à minha frente…